quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Dos Ventos Uivantes

Seriam como Catarina e Heathcliff no destino,
Se, por ventura, agüentassem ali após a morte.
Suas almas entoariam um hino
Aos amantes que entendem por que sofrem.

Oh tempo, senhor da crueldade!
Esquece de vez sua maldade...
O seu trabalho de carrasco sombrio
Fez-me sofrer as lagrimas de um rio.

Ali, com eles, repousariam os anjos...
Testemunhas daquilo que tão cedo lhes foi tirado.
Eco de um divino eterno e santo...
Veriam o sentir sagrado e inacabado.

Tempo, senhor a quem desejo,
Esquece o trabalho que eu vejo
Não me sinto feliz com tua foice...
Corte na vida e esqueça que é noite.

Veriam as almas de mãos dadas,
Jazendo por entre os túmulos construídos
Que por esse tempo já tomados por era...
Tendo os seus corpos se rendido.
E ficariam assim... É o que se espera
Daqueles que perderam o colorido.

Esquece que é noite...

Se pudesse dizer que esperaria, e se assim o trouxesse de volta...
Sua casa, agora tanto sombria.
-Sem janelas, nem portas-.
Tua alma por séculos gritaria
E à menção da potência perdida,
Tua garganta arranharia
Fora do corpo de outrora...

Larga, por Deus a tua foice!

Os ouvidos atentos escutariam...
Somente a ele...
Listariam o sentimento que transborda...
E assim como cresce a grama, e cresce a era
Teu recôndito é tomado pela aurora.

E finge que os meus foram-se.

De fora vagando assim, espera.
Àquela a quem torcem que enlouqueça
E de tempos em tempos escuta o ruído
Dos passos, ainda pela casa...
De noite ainda escuta o marido
Contar-lhe segredos e mais nada.
Soluça, às vezes, mas não ousa pronunciar palavra,
Pois que a loucura a mantém calada...

O véu não seria o suficiente,
Entre os dois mundos ainda jaz a corrente
Que nem mesmo a morte é capaz de derrubar.


Que destino de tristeza deu um ponto.
Um final a espera e fim de um conto...
O qual muitos ainda ouvirão falar...
E que fim saudoso e deprimido
Aquilo que não ousou terminar.

Pois que o tempo
-senhor da crueldade-
Deu um fim aquilo que nunca termina

O herói de nossa história agora espera
Naquela casa sem portas nem janelas
Onde a maldição que acomete todos os homens o fez repousar...
A colina da necrópole assina o lugar

A bela chora e zela.
Reza e espera.
E uma vela na soleira todas as noites...
A amada sente frio e dor ainda
Ainda sente a ferida
Que o tempo abriu sem dó.

Oh tempo, senhor da crueldade!
Em sua ínfima maldade
Fez meu viver entregar-se à sina...
E agora há passos vazios pela casa...
Agora ha. gritos surdos ecoando pelo nada...
E minha vela ainda ilumina a entrada...
E a soleira...
E a estrada.
Volta!

Um comentário:

Nadine Bagshot disse...

ahhhhhhh finalmente vou conseguir comentar! uebaaaa!!

e sua maluca, ninguem publica textos bons nesse blog.. num devia fazer isso! haha

mas.. lindo texto.. lindo texto.
amo-te, gemea!