segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O consumado que se consuma.

---Depois de todo esse tempo, de todo o meu tormento, de tudo aquilo que passei e que sofri e que expurguei... Então depois de todo esse meu ritual ridículo, o que você tem a dizer é isso? Então faça assim, guarde essas suas palavras pra você. Faça isso agora, pois não as quero ver. Porque eu me desdobro para os seus olhos, eu me enfeito por tudo aquilo que quis parecer, e continuo o meu fingimento. Eu espero somente um olhar de contentamento, um sorriso de canto que seja... Algo que me faça crer que você ainda me deseja. E, no entanto, você me vem com uma educação polida, sabendo que ao lhe ver ainda fico aflita, que minhas pernas tremem, e mal penso no quê dizer. Mas meu deus, eu vim correndo assim que soube de você! E eu me arrependo cada segundo que desperdicei, de cada lagrima que derramei, de cada instante que eu pensei que lhe machucava as entranhas. Por que você me machucou. E muito. Passei muitas noites enfadonhas tentando entender tudo. Nunca mais nessa vida eu vou ver da mesma forma o mundo... Você me tirou de mim e por muito eu andei perdida. O sal fez eternamente a minha face ardida. Perdi muitas vezes a vida que tanto lutei para construir. Bastou um instante para tudo se diluir... Agora você pegue esse seu gesto obrigado e suma. Se eu nada signifiquei, seja descente e assuma! Quero que se vá e que o mundo então a consuma. Chegamos ao fim, e só de não te ver, eu já agradeço. Há de ser ver de longe que jamais lhe despertei apreço. Saiba que se procuro o seu cuidado, é por que eu o mereço. Os meus erros foram inúteis, mas eu os reconheço.
---E nem a sua consideração eu desperto mais. O que a gente tinha jaz agora em paz.

2 comentários:

Nadine Bagshot disse...

uau
:O

André Soares disse...

Hello girl ^^
É bem raro de se encontrar um texto que mesmo todo rimadinho, não torna-se chato. E no seu, está muito fantástico, porque - na minha opinião - houve uma certa relação com o contexto. Não sei, mas soou-me como um desabafo contínuo. Sabe, quando você respira profundamente e fala tudo duma só vez. E bem no finzinho foi abaixando o volume, até ficar mudo e deixar uma tensão misteriosa no ar. Além do título, que é entendido como o "grand-finale" mesmo estando no início, pois no fim, ele se esclarece. Incrível!!
Beijos e Parabéns!